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obnubilado

Blog que ainda existe, apesar do tempo.

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Blog que ainda existe, apesar do tempo.

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"O que tu queiras e o que não queiras te dou e te nego, porque as palavras estouram abrindo o castelo, e fechamos os olhos."

(Pablo Neruda)

Vestindo azul no furacão

Ao longo da faculdade, nem um dos professores disse que é importante um repórter de televisão vestir roupas discretas, para não desviar a atenção da notícia. Aprendi isso no Vídeo Show mesmo, nas diversas vezes que fizeram matérias falando do figurino da Central Globo de Jornalismo. Nunca tinha pensado muito a respeito até um dia em que vi Glória Maria numa blusa muito estranha, cor-de-rosa-choque, no Fantástico; não faço idéia do que ela disse naquela noite, mas lembro da blusa desconcertante até hoje.

Ontem tive um outro exemplo de como as roupas, e a situação ao redor, influenciam na recepção de uma notícia. Estava eu, inocentemente, vendo reportagens sobre o furacão Katrina na Deutsche Welle. Cidades destelhadas, pessoas apavoradas, engarrafamentos, famílias fugindo e tudo o mais. Aí, o apresentador do telejornal chama a correspondente nos Estados Unidos, Patricia Huff, da Louisiania. A repórter era gorda, vestia uma capa de chuva azul, o cabelo molhado colava-se no rosto, lá atrás o vento forte curvava as árvores. Com uma cara de "meu Deus, o furacão vai passar e o besta do apresentador teima em fazer perguntas!", ela gritava ao microfone, nervosa e impaciente, no meio da rua.

Apesar do assunto sério, não pude deixar de rir bastante nos 4 ou 5 minutos que ela ficou no ar. E, claro, não prestei a mínima atenção no que estavam dizendo.

Sarita existiu

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Minha vida foi repleta de gatos. Quando pequeno, morando numa casa grande, num pátio enorme, vivia cercado de bichos: os patos, gansos, galinhas, periquitos, canários e cachorros do meu avô, e os gatos de minha vó. Em certa época, quando meu vô tinha cerca de 17 gansos barulhentos, que às vezes voavam em bando em frente a nossa casa, minha vó contabilizava 14 gatos. Eu sempre me dei bem com todos os animais e tive meus cães, coelhos e garnizés, mas talvez os gatos tenham me marcado mais, pelo simples fato de serem limpos e poder ficar dentro de casa, enquanto os cachorros estavam sempre sujos, fedendo e repletos de pulgas mal-intencionadas.

Dos gatos que já tive, talvez a mais importante tenha sido a Sarita, que nasceu quando eu tinha uns 9 anos. Era muito inteligente: conseguia fazer as 4 manobras necessárias para se abrir a porta da sala. E era meio chata também: ficava miando insistentemente atrás de mim, sempre me afofando quando vinha pro meu colo e às vezes cravando os dentes no meu queixo, possuída por alguem espírito de javali. Seu nome veio do personagem de Glória Pires em uma novela da época, O Mapa da Mina. Essa foto, comigo apertando o pescoço dela para que ficasse quieta, foi tirada por ocasião de meu aniversário de 11 anos. Na verdade, a foto foi tirada vários dias depois da festa, não lembro o porquê. Por isso estou usando uma manchada calça de moleton e não a bermudinha azul abominável que eu usei na data exata.

Sarita viveu por muitos anos.

Quando eu já não morava lá, ela sofreu uma doença, algo como um câncer no rosto: seu nariz foi desaparecendo de uma forma que devia doer muito. Não levei ao veterinário porque não tinha a mínima condição fianceira e também porque, como já não a via todo dia, dava pra não ficar muito culpado com isso - e mesmo assim eu fiquei. Além disso, as pessoas de lá (meu pai, avós etc..) nunca viram um veterinário na vida e só sabem comprar alguma injeção para tacar nos bichos. Não sei exatamente como ou quando ela morreu. Acredito que não tenha deixado descendentes, pois me lembro que ela comia seus filhotes.

Só eu via Ally McBeal

Eu tinha escrito outro texto sobre bolachas recheadas, dessa vez delirando sobre os novos sabores da Negresco e da linha Bono, mas esqueci de trazê-lo pra Pelotas. Dessa forma, resolvi improvisar sobre algo que pensei neste exato momento. Mas o que eu pensei era chato, então desisti.

Vou deixar então só uma frase. Na verdade, três frases, retiradas de uma série de televisão. Foram pescadas por mim quando eu via alguns episódios de Ally McBeal, isso há uns 3 anos. Era uma de minhas séries preferidas, contando a vida maluca de uma infeliz advogada (passou por um tempo na Bandeirantes, lá por 2000, com o subtítulo "Minha vida de solteira"). align=center>height=193 alt=ally_mcbeal.jpg src="http://obnubilado.blogs.sapo.pt/arquivo/ally_mcbeal.jpg" width=150 border=0>height=150 alt=ally_mcbeal2.jpg src="http://obnubilado.blogs.sapo.pt/arquivo/ally_mcbeal2.jpg" width=160 border=0>

A atriz principal era Calista Flockhart, que hoje é casada com os cacos de Harrison Ford. Ela interpretava Ally, que, entre uma audiência e outra, enfrentava a solidão e os desastres amorosos no meio de colegas muito esquisitos. Era uma comédia-dramática, com lindas canções, cenas surreais e alguns números musicais no bar ou no banheiro unissex. Durou cinco temporadas, na Fox (creio que de 1998 a 2002). Sempre lembro de algumas cenas finais, muito bonitas, com Ally andando solitária pelas ruas de Chicago (ou era Boston?), enquanto Vonda Shepard cantava alguma coisa triste. Lembro também de um dos sócios do escritório dançando freqüentemente You`re The First, The Last, My Everything em frente ao espelho.

Dali saiu Lucy Liu, e mais ninguém, que os outros estão perdidos em alguma coisa inexpressiva por aí. A série foi criada por David E. Kelley (marido, ou ex, de Michelle Pfeifer - fisicamente bastante parecida com Calista), que tornou-se o queridinho da tv norte-americana.

Sem incomodar mais, aí vão as frases (podem não ser maravilhosas, mas no contexto da história soavam bacaninhas):

“Esse é o problema em ser honesto com as pessoas: às vezes elas contra-atacam com a honestidade.”

“Quando penso nos meus maiores momentos de solidão, quase sempre havia alguém do meu lado.”

“O amor é o único jogo em que você perde recusando-se a jogar.”

Três horas no ôminus

Cheguei em Pelotas sábado. Viajei a fim de visitar minha família em transe. Na viagem, o mesmo de sempre: uma chatice infinita durante três horas. Eu nunca consigo dormir em ônibus, e me canso lendo e chacoalhando ao mesmo tempo, além disso o walkman não pega nada depois de Guaíba e eu não tenho recursos modernos como discman (mas ir escutando meus mesmos cds também não seria uma grande coisa).

De qualquer modo, cada viagem tem suas peculiaridades. Nesta de sábado, uma guriazinha de uns 4 ou 5 ou 6 anos (sou péssimo com idades), ia sentada no banco atrás de mim. Milagrosamente, não foi me chutando durante grande parte do tempo, como crianças odiosas costumam fazer. Aliás, foi muito bem comportada. Chegando aqui, perto da rodoviária, ela travou um belo diálogo com seu pai:

- Por que o mico parou aqui?
- O quê?
- Eu chamo de mico porque não sei dizer o nome certo... ôminus?
- Ônibus.
- Ômbinus.
- Ô-ni-bus.
- Ô-ni-bus.
- Ônibus, tá certo.
- Mas eu chamo de mico porque eu não sei dizer ô-ni-bus.

Falando de bolachas

fominha.jpg

Houve um tempo em que todo dia eu comia bolachas recheadas. Nesses tempo, lá pelo ano 2000, quando me mudei pra porto alegre e passava grande parte do dia na faculdade, um dos maiores parezeres gastronômicos que eu tinha era chegar em casa e comer Fominhas de chocolate molhadas no leite. Era ótimo e algumas vezes discuti esse prazer com uma ex-colega, a Mariana, que também era adepta dessa prática. Talvez em 2002 as Fominhas foram extintas pelo fabricante, a Isabela. Acho que na época eram os biscoitos mais baratos dos supermercados e seu desaparecimento fez com que eu me resignasse a comprar outros, mais caros e provavelmente não tão gostosos.

Pois qual não foi minha surpresa ao deparar-me, há algumas semanas, com as Fominhas novamente nas prateleiras do Nacional. Embalagens remodeladas, mas ainda com aqueles monstrinhos estampados. Vários sabores: chocolate, morango, doce de leite e tuti-fruti (esses dois últimos não existiam anteriormente). Não encontrando meu sabor preferido, que era de chocolate, mas com bolachas de leite, comprei as de chocolate com bolachas de chocolate também.

Não foi a melhor coisa que comi nos últimos tempos. Seu sabor meio envelhecido (característica da marca) está muito adocicado e não gostei da textura dos biscoitos. Os outros sabores nem provei, porque não me pareceram agradáveis. Além disso as embalagem carregam nas cores e nos motivos infantis, o que não me faz ter muita atração quando as vejo ali paradas, pedindo para serem consumidas.

Alguém podia fazer biscoito recheado para adultos. A Bauduco e Parmalat tentam fazer isso, com suas embalagens mais discretas, em cores agradáveis e sem bichinhos com cara de doidos. Mas só mudar o pacote não vale, tem que ter um sabor menos doce e menos artificial, que seja percebido como aquilo que é: se é de chocolate branco, que tenha gosto de chocolate branco, e não gosto de açúcar com baunilha. Não consigo mais comprar recheados com prazer, porque sei que todos me enjoam depois da terceira unidade. Quem pecisa de gosto escandaloso é criança. Quem já passou dos 18 quer algo pra se alimentar, não pra encher a barriga de corantes e emulsificantes de sabor sobressalente.

Talvez a ilha exista

Os produtores de A ilha, completamente transtornados com o fracasso de seu filme multi-milionário, deram entrevista atirando para todos os lados, na tentativa de encontrar uma explicação razoável para as baixas bilheterias. Entre outras coisas eles culpam o título, que se refere a algo que não existe nem nunca aparece no longa (eu concordo, sempre achei estranho esse título). Um deles (é um casal, responsável também por Homens de Preto e Gladiador), disse: "parece sem importãncia, mas do título vem toda a campanha publicitária, vem a idéia que as pessoas têm sobre o que vão ou não vão ver, então isso foi um problema".

Outro erro apontado foi a divulgação, inclusive no trailer, de muitos dos pontos mais legais da história. Se você vê o trailer do filme (e ler a maioria das críticas - inclusive a minha), vai receber um monte de informações que se não fossem reveladas seria muita mais bacana. Isso é um problema, mas não tem como não acontecer, porque a parte misteriosa da película é só durante os primeiros 30 ou 40 minutos, onde os segredos são revelados, depois vira um filme de ação e correria. Como poderia-se divulgar ou escrever sobre ele sem dizer que os caras são clones que vivem numa mentira e, quando descobnrem, fojem pra tentar revelar ao mundo?

Já sem ter o que fazer, eles culpam a dupla central, Ewan McGregor e Scarlett Johansson, porque eles não seriam estrelas e não se conectariam com o público-alvo, os jovens. Sacaneando completamente a Scarlett, dizem: "até a menos importante atriz da televisão teria mais identificação junto ao público". É algo meio chato de dizer, porque ela é uma baita atriz (e faz bonito no filme), mas eu concordo. Não dá pra fazer um blockbuster com uma atriz de filmes sérios e/ou intelectuais. Ela já concorreu ao Oscar, mas o casal de adolescentes comendo pipoca e abrindo latas de refrigerante quer ver a Sandra Bullock fazendo beicinho, ou a Lindsay Lohan fingindo que sabe andar de skate (como ela finge, muito mal, no Herbie), não uma boa atriz ou um bom ator tendo um desempenho interessante no meio dos tiros.

Scarlett se pronunciou, xingando os produtores e dizendo que não querem assumir sua responsabilidade pelo marketing equivocado e ainda fala que tem orgulho do seu desempenho no filme.

Bom, os produtores culpam todos, menos Michael Bay, o diretor. Parece que com ele tudo foi perfeito, e não é bem assim. Ele e o roteiro, escrito pela mesma dupla que escreve Missão Impossível 3, são responsáveis pelo errôneo direcionamneto do tema polêmico e perturbador. Se fosse um filme levado a sério, dirigido sabe-se lá por quem, mas que desse alguma credibilidade à história, creio que teria funcionado.

Aliás, sobre o roteiro sugiiu algo esquisito: produtores de um suspense de 1979, The clonus horror (aqui chamado de Romance ou Pesadelo) acusam A Ilha de plágio. E pelo que li, a primeira metade do filme é muito igual ao filme antigo. O tal de Casper  Tredwell-Owen , autor do argumento e da primeira versão do roteiro, enganou todo mundo direitinho.

Recado do coração

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Fui andar na beira do Rio (chamar de lago não tem graça) Guaíba como faço às vezes. Ao longo do caminho, vários pedaços de papel, escritos à mão. Não dei bola inicialmente, mas não resisti depois de contar mais de 20 e peguei um deles para ler o que dizia. Eis o texto:

Quero uma mulher solteira ou casada gordinha e fogosa
Tenho boa índole
Qualquer idade.


Quem não tem internet, procura uma parceira como pode. Aqui pelo centro (e imagino que em outros lugares também), os telefones públicos estão cheios desses recados, assim como banheiros e bancos de ônibus. Mas na maioria das vezes são recados sexuais (tipo "negão pauzudo quer coroa de bigode"). Esse que encontrei hoje, espalhado ao pôr-do-sol, não é (muito) vulgar, nem traz a medida do órgão sexual do cara ou coisas piores. O necessitado deve ser romântico.

Chegando em casa e pensando no meu trajeto, percebi que o homem que eu vi jogando lixo no chão, não estava jogando lixo no chão, mas era o próprio autor dos recados distribuindo seu apelo. Não olhei muito para a cara dele, porque fiquei brabo com sua conduta poluidora, mas lembro que tinha uns 30 e tantos anos (perto dos 40), estatura mediana, parrudo (com uma certa barriga, talvez), cabelo louro escuro. E deve ter uma paciência exemplar, para escrever a mesma coisa em dezenas de papelzinhos com uma letra bonita. Para as interessadas, o telefone dele é 9836-0422.


"Tamanho-família"

Nunca uma grávida famosa foi tão cobrada. Barrigão avançado, a cantora Britney Spears, 23 anos, não está nem aí com as críticas, prioriza o conforto acima de tudo. Por conforto entenda-se: chinelão, batão, muito sorvete, muito refrigerante, coxas, quadris e seios em expansão incontrolada. Assim posta, feliz da vida, atiça os paparazzi – um deles, na semana passada, levou um tiro de bala de borracha quando tentava flagrá-la em uma festa, mas ela diz que não tem nada com isso. A eterna rival Christina Aguilera, que também não tem gosto mas é magra, aproveita para alfinetar: "Ela virou uma desleixada. Acho que não tem mais volta".

(publicado na revista Veja)

Uma lojinha divertida

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Pela primeira vez na vida fui num sexshop, ontem. As atendentes, muito discretas, não abordam as pessoas. Ao contrário, evitam olhar para o rosto de quem entra e ficam meio sonolentas junto ao balcão, esperando ser solicitadas.

Entre roupas de enfermeira e pênis de plástico dos mais variados tamanhos, cores, estilos e utilidades, encontrei três modelos de boneca inflável. Estavam todas devidamente dobradas e embrulhadas dentro de suas respectivas caixas, com fotos de mulheres de verdade do lado de fora. Obviamente, se deixassem uma foto da boneca mesmo as pessoas teriam nojo de comprar (porque realmente, é algo deplorávelmemte feio). Pra meu espanto, cada uma das bonecas custava mais de 200 reais. Aliás, uma delas, alemã, se chamava A Rainha do Desejo e trazia a foto de uma mulher nua, de quatro, com a frase "Ela nunca diz não".

Entre os diversos itens à venda, uma sessão com livros relacionados a sexo. Um dos títulos era "Técnicas de masturbação entre Batman e Robin". Outro era "Kama Sutra no trabalho".

Tinha coisas relacionadas a sado-masoquismo, como chicotes, separadores de pernas e máscaras e um negócio muito estranho que nem vou comentar.

Gostei do lugar. Vou voltar e comprar uma gel dental sabor chocolate que encontrei por lá. Espero que não cause cáries.

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