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obnubilado

Blog que ainda existe, apesar do tempo.

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A menina esquartejada e o seu (quase)céu

Apesar das críticas desfavoráveis que eu li a respeito, fui mesmo assim assistir a Um olhar do paraíso, só porque o diretor era Peter Jackson. Pensei que ele não faria um filme muito ruim, que pelo menos um visual bacana deveria ter. Mas me enganei. O filme é ridículo.

A história é de uma menina que é assassinada e não vai pro céu, mas fica tipo no limbo, presa ainda aos acontecimentos na terra, enquanto sua família se desagrega com sua morte e o assassino se prepara para outro crime. Uma idéia batida, mas que daria um bom filme, ou um bom best seller (como é o livro no qual o filme se baseia, de autoria de Alice Sebold), mas ficou tudo ridículo. Até os efeitos são ridículos. "Chroma key, eu te amo!" deveria tatuar Peter Jackson no peito.

 

Há toda uma mistura de dois mundos, que realmente não fica bem , não é nada bem costurado, e realmente a parte do (quase)céu é inútil e não contribui em nada para a história da maneira que ficou. As cenas que se passam com a família e com o assassino são de longe as melhores e é o que rende os momentos de tensão, que são muito bem construídos e realmente conseguem envolver.

O céu da guria, que tem elementos da vida de outras pessoas, e tem reflexos do que acontece com as outras pessoas na terra, não faz sentido. Ela ser recebida no céu por meninas que tinham sido mortas pelo mesmo assassino é ridículo. É como se no céu as pessoas se juntassem em grupinhos "oi, eu também fui estuprada e assassinada pelo Stanley Tucci, seja bem vinda ao grupo. Não se misture com aquelas meninas lá, elas foram mortas pelo Zodíaco, são umas vacas".

O filme estranhamente tem momentos deslocados de comédia, com Susan Sarandon (linda e ótima) bancando a avó louca e bêbada, e a menina morta dançando e cantando no (quase)céu logo após ser esquartejada, como uma Gisele Bündchen num comercial da Natura. Ridículo. Tive vontade de me esconder quando essas cenas passaram, assim como quando o menino de 4 anos vai falar pra sua avó "não, ela não está no céu, ela está no meio-termo" e aponta um desenho que ele fez. Ridículo.

O efeito que ela tem sobre as pessoas na terra é nulo. Ela, no filme, não influencia nada. Só quando o pai dela entra no milharal, e acaba apanhando, ela começa a gritar, no seu (quase)céu e relâmpagos surgem (!), numa vibe meio Tempestade dos X-men.

Ela passa um ano aparentemente morando num coreto no meio de uma floresta no seu (quase)céu, conversando com uma menina com cara de índia ianomâmi que tem o nome de um personagem de Audrey Hepburn, olhando cenas da terra em tamanho gigante, como se fosse o telão LCD 2.000 polegadas de Deus. Ridículo.

E quando ela resolve entrar numa casa que tem lá, de repente ela enxerga e se transporta para os locais dos crimes que o assassino dela cometeu antes. Tipo, oi?, como assim? ela entra numa casa que tem um farol em cima, e de repente vira A Grande Detetive Instantânea do Planeta Pós-Morte. Ridículo. Patético.

 

A solução para o beijo que ela quer dar no quase namorado, também, é de uma simploriedade abismal e digna de um final da novela Alma Gêmea. Embora o mesmo gesto tenha sido utilizado, por exemplo, em Ghost, neste filme a cena que era pra ser tocante e bonita ficou patética. Eu ri. Eu pensei "que coisa miserável de ruim do capeta".

Stanley Tucci intrepreta o assassino muito, muito bem, me deu realmente medo de ter um vizinho daqueles. Ainda mais com aquelas bochechas.

Vou ler o livro, que aqui no Brasil se chama "Uma vida interrompida" e ver qualé que é.

(Ah, e o cabelo do Mark Wahlberg pode entrar para o guia dos piores penteados do cinema.)

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