Vestindo azul no furacão
Ao longo da faculdade, nem um dos professores disse que é importante um repórter de televisão vestir roupas discretas, para não desviar a atenção da notícia. Aprendi isso no Vídeo Show mesmo, nas diversas vezes que fizeram matérias falando do figurino da Central Globo de Jornalismo. Nunca tinha pensado muito a respeito até um dia em que vi Glória Maria numa blusa muito estranha, cor-de-rosa-choque, no Fantástico; não faço idéia do que ela disse naquela noite, mas lembro da blusa desconcertante até hoje.Ontem tive um outro exemplo de como as roupas, e a situação ao redor, influenciam na recepção de uma notícia. Estava eu, inocentemente, vendo reportagens sobre o furacão Katrina na Deutsche Welle. Cidades destelhadas, pessoas apavoradas, engarrafamentos, famílias fugindo e tudo o mais. Aí, o apresentador do telejornal chama a correspondente nos Estados Unidos, Patricia Huff, da Louisiania. A repórter era gorda, vestia uma capa de chuva azul, o cabelo molhado colava-se no rosto, lá atrás o vento forte curvava as árvores. Com uma cara de "meu Deus, o furacão vai passar e o besta do apresentador teima em fazer perguntas!", ela gritava ao microfone, nervosa e impaciente, no meio da rua.
Apesar do assunto sério, não pude deixar de rir bastante nos 4 ou 5 minutos que ela ficou no ar. E, claro, não prestei a mínima atenção no que estavam dizendo.