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obnubilado

Blog que ainda existe, apesar do tempo.

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Refestelam-se no seu corpo e continuam esfomeados

Nunca fui leitor de livros de terror. Nunca li Stephen King, e até tenho curiosidade de ler algo. Minhas leituras desse estilo não são mais de três ou quatro, limitadas aos tempos pré-ensino-médio, quando eu lia os livros que tinha em casa - alguns clássicos, outros nem tanto. Lembro de um chamado "666 - No Limite do Inferno" (acho que o título não é esse), sobre um casal que se muda para uma casa que têm espíritos malignos. Nada a ver.

Outro se chama, em português, Os Mortos Vivos. O título não tem relação alguma com a história (o título original, e bem pobrinho, é Ghost Story) dos velhos amigos que, depois de 30 ou 40 anos, começam a ver manifestações que se relacionam a um crime que cometeram no passado. Eles mataram, sem querer, uma mulher, e jogaram o corpo dela no lago, dentro de um carro. O livro é enorme (e bom), tem outras coisas que não vai dar pra contar, e virou filme, em 1981. Fred Astaire, em seu último trabalho, fazia um dos velhos assombrados. O filme modifica muito a história original, nem tem graça.

Escrevo isso tudo porque, vasculhando uma caixa cheia de bugigangas antigas no meu pai, encontrei A Invasão dos Ratos (The rats), de James Herbert. Nem sabia, mas esse cara é britânico, já escreveu mais de 20 livros, vendeu dezenas de milhões de cópias, tudo, talvez, num estilo terror-pingando-sangue. Esse, especificamente, fala sobre uma raça de ratos que aparece numa grande cidade (da onde vêm não lembro) e começa a comer as pessoas. São super-ratos. Isso virou filme também, na década de 80, chamado Olhos da Noite. Vou colocar um trecho do primeiro capítulo aqui, quando os roedores nos são apresentados de forma magistral, com todo um estilo do tradutor Eurico Fernandes:

Berrou quando percebeu que alguma coisa estava A ROER-LHE OS TENDÕES. (...) Com a outra mão puxou o corpo e sentiu pêlos rijos. Tomado de pânico percebeu o que o agarrava tão monstruosamente. Era um rato! Mas era grande. Muito grande. (...) A dor que cegava parecia subir da perna até aos testículos. Mais dentes ferravam-se na sua coxa. (...) Dentes enormes que visavam a garganta  ENTERRAVAM-SE-LHE NA CARA e arrancaram um grande bocado. O corpo deitava sangue enquanto ele gesticulava em redor. (...) Ratos! A mente gritou as palavras. Ratos a comerem-me vivo! Deus, Deus me acuda! Carne foi-lhe arrancada atrás do pescoço. Já não podia levantar-se com O PESO DA BICHARADA FELPUDA a alimentar-se do seu corpo, a beber o seu sangue. As sombras indefinidas pareciam flutuar em sua frente, depois A VISÃO INUNDOU-SE DE ENCARNADO. Era o encarnado de uma dor indizível. Já não podia ver - os ratos haviam-lhe comido os olhos. (...) Os ratos tinham-se REFESTELADO NO SEU CORPO, mas continuavam esfomeados. Por isso procuraram. Procuraram mais alimento do mesmo gênero.

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