Burle Marx na ladeira
Cortei meu cabelo pela terceira vez no Salão Ladeira, ali na Andrade Neves, esquina com a General Câmara. Da última vez o corte tinha ficado curtíssimo, mas bastante aproveitável. Ontem, cortei com o Seu Almeri, um senhor de mais de 60 anos. E ele tem um estilo de corte nunca dantes presenciado por mim.Não saberia explicar resumidamente, só vou dizer que ele corta só a partir dos lados e NUNCA molha o cabelo. Sempre, desde a infância, todos molham meu cabelo para cortar. Ele não. Teve uma hora em que pensei que ele estivesse tendo um ataque epiléptico com o pente, mas fazia parte de seu método.
O corte não ficou lá dos melhores, mas também é bastante aproveitável. Na cadeira lateral sentou-se um cara grande, que atendeu o celular. O barbeiro saiu de lado esperando a ligação acabar. Como nunca acabava, ele chegava perto e repetia: Fica à vontade, Seu Sérgio, ninguém tem pressa aqui. Após desligar o telefone, Sérgio pediu seu corte com a familiaridade de quem pede bolinho de chuva para sua avó: Me faz aquele mesmo paisagismo de sempre.