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obnubilado

Blog que ainda existe, apesar do tempo.

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Explodindo a Fotoplan

Sempre foi difícil minha relação com os laboratórios fotográficos, porque eles faziam bizarrices com meus negativos.

Depois que eu comprei meu equipamento digital, no entanto, e aprendi coisas sobre calibração de monitores e perfis ICC, tudo caminhava para a maravilha. Mas há espíritos ruins que interferem na luz astral. E assim, cada vez que envio fotos para a ampliação é um verdadeiro suspense.

Sim, porque não pensem vocês que os laboratórios respeitam o arquivo enviado. Não, eles modificam tudo. Aliás, eles “corrigem” a foto. E esse “corrigir“ é algo mais ou menos assim: você tirou uma foto na rua, de noite. Há, portanto, grande quantidade de preto na imagem. Eles, então, apertam um botãozinho que, detectando mais baixas luzes do que altas luzes, fazem a “correção”. Isso significa, dependendo do caso, que ou colocam mais brilho, ou diminuem o contraste, ou modificam a densidade. Em termos práticos é assim: o que é preto vira cinza. Se a foto for colorida, a saturação da cor vai pra cucuia.

Outra coisa comum é a “correção” de cor. Por exemplo, você tirou um retrato de uma pessoa vestida de vermelho, perto de uma parede cor-de-rosa. Eles, então, apertam um botãozinho que, detectando excesso de cores avermelhadas, enfia verde na imagem. Que que acontece? A pessoa fica com a pele pálida e esverdeada - muitas vezes as sombras de seu rosto (barba, por exemplo) ganham assim um tom de alface apodrecida.

Daí, a gente às vezes tenta ser racional e pede, ao entregar os arquivos: “não mexam nas fotos”. Quando se busca, tranqüilamente se abre o envelope e quase se tem um infarto.

Aconteceu esta semana. Fui eu entregar risonhamente fotos do casamento do meu primo para ser impressas. Vinte cinco eram no total. Pedi: não façam correções. A guria anotou no papel: “não fazer correções”. Tudo certo. No outro dia busco e, para meu espanto, as pessoas pareciam bonecos de cera risonhos.

Fiquei muito, mas muito brabo. Não só “corrigiram” as fotos, como também estragaram, a ponto de a pele se transformar numa mancha cor-de-rosa, sem sombras nem meios-tons. Isso em mais ou menos 15 fotos (os noivos com as tias,com os primos, com as avós, com o vizinho...). Um verdadeiro horror. Até porque eu esperava fotos escuras, já que a tendência normal é que, ao ser impressas, as baixas luzes tornem-se mais escuras do que na tela.

Porém, ao ver ali, as pessoas, o bolo, o vestido, alguém apertou endoidecidamente o botão até ele gritar “ok, não agüento mais!”, e vomitou luz em tudo. Ficou uma merda, a pior impressão que eu já tinha visto.

Isso aconteceu na Fotoplan da Andradas. Lá as pessoas são geralmente bastante antipáticas. Fui reclamar, mostrei as fotos, eles insistiram que não, não tinham mexido em nada, mesmo que eu estivesse vendo a aniquilação. Disseram que não iam refazer. Eu dizendo que eles tinham que. Eles dizendo que não, levantando a voz. Eu dizendo que sim, levantando também. Ok, não quiseram imprimir de novo, saí puto de lá pronto para processar todo mundo.

Mas sou bonzinho e fui em outro laboratório, a Print Color (que,aliás, tem um sistema muito bom de envio de fotos através do site). Lá, apesar de mexeram indevidamente nas fotos também, são simpáticos. Falei com o laboratorista, ele deu uma olhada nas fotos da Fotoplan e me mostrou, no código que fica impresso atrás de cada uma: “ó, isso aqui significa que eles mexeram na densidade”. Havia um “-5” lá. Ou seja, diminuíram em cinco pontos a densidade da foto, por isso ficou aquela porcaria total. Na hora, o cara imprimiu uma das fotos para mim, sem mexer em nada e eu voltei na Fotoplan. Mostrei a foto recém-impressa, falei da conclusão do laboratorista concorrente e eles não tinham mais como negar, apesar de sua ira fatal contra minha pessoa.

Depois de reaver as fotos re-impressas, pude perceber realmente que a diferença entre elas é total. Ficaram, sim, um pouco escuras. Isso significa que algumas talvez eu tenha que modificar e mandar imprimir de novo, mas isso é problema meu. Muito melhor perceber que se fez algo errado e corrigir (até porque isso vai ensinar a fazer certo nas próximas), do que ficar com um troço corrigido por alguém que achou que a foto não devia ser como estava.

Como não tenho mais as fotos que foram achincalhadas no laboratório, dou aqui outro exemplo. Esta é uma foto da minha mãe com a filha de uma sobrinha. À esquerda está a foto original, com tons frios como eu queria. À direita, a foto que foi impressa. Essa não ficou ruim, mas não é a foto que eu mandei imprimir. Eu queria uma foto fria, então deveriam fazer uma foto fria, não importa se o laboratorista achou bom ou não. E, pelo jeito, ele não acha que um retrato possa ter mais ciano do que vermelho.

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